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stay away
a matar pessoas , desde 21 de Março de 009 ![]() |
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![]() the eternal sunshine of the spotless mind, my clementine |
. quinta-feira, outubro 31, 2013
É o olhar com que ela fica. É os dentes que ele lhe mostra. É a descoberta dos pormenores de cada um, porque ela encontra um vídeo dele a tocar guitarra, porque ela já lhe sabe os sinais, já lhe notou o jeito do nariz e o tique do cabelo. Ele já lhe notou o rubor das bochechas atrás da armadura branca dos óculos que tanto quer mudar. A conversa dificilmente articulada de ambos os lados . Ela já lhe notou a insegurança, ele o embaraço. É o olhar com que ele fica. É os dentes que ela lhe mostra.
Nenhum deles teme o início, e por ele vão passando. Até parece que nem lhes dói. Etiquetas: L . sábado, outubro 12, 2013
Foi na cerimónia da entrega de prémios para aqueles tomados como os underdogs. Não sei o ano, foi ontem mas já não me lembro. Faziam uma homenagem a todos aqueles que faleceram e em vida deixaram algo de si, uma obra, uma composição, uma voz, uns passos traçados no ar, um desenho de um costume, uma luz intermitente. Homenageavam o talento que morreu, e eu a pensar, e aqueles que, mais ou tanto talentosos, morreram sem antes ter a oportunidade de serem vistos pelo mundo, ou serem reconhecidos pela auto-proclamada capital do mundo, quem os homenageia a eles? E aqueles que tal como eu, modéstia à parte há que me valorizar de vez em quando naquilo em que ainda acredito que sou minimamente bom, têm um leque de ideias e capacidades que podiam bem ser igualmente reconhecidas mas padecem antes de o fazer? E quando eu morrer sem nenhum livro publicado, sem nenhuma peça encenada, sem nenhuma fotografia para me imortalizar, quem me homenageará pela criatura que sou e não apenas como filho, irmão e amigo que me vêm?
Todos os dias morre talento. Todos os dias ficam por homenagear milhares de artistas.
. segunda-feira, outubro 07, 2013
i wanna shout to the world that you're mine.
. sábado, outubro 05, 2013
My brain is a curious thing. Same as everyone else, I guess, but today I realized how strange it is indeed. I didn't remember what she told me. I didn't remember one of the things that made me more sad during highschool, and now it's all back. My brain blocked it from me. It's like going to war and forgetting it without the trauma and nightmares.
. karma quinta-feira, outubro 03, 2013
Estava no comboio, calmo nas horas da carruagem que não tinha pressa em partir, não era nem o primeiro nem o último do dia, mas talvez o último a partir sob a luz do sol. Recebo a tão aclamada chamada das boas novas, duas estações teriam passado, o céu mais escuro a salientar a lua a aproximar-se do palco principal, os passageiros já assentes na viagem, para uns mais curta, para outros o total percurso até o Porto. Foram duas boas notícias, dois empregos, um para o homem a terminar o fundo dos despedidos, outro para a recém-licenciada há um ano numa área difícil, ou seja, numa qualquer. A mulher de um e mãe do outro acautelou, em parte supersticiosa em parte brincando, a filha da viagem que iria ter logo a seguir à notícia, porque como toda a gente sabe depois de tanto bem, algum mal virá manchar a fotografia. Foi assim que se despediu de mim, contando sem contar a preocupação medida na felicidade de finalmente os eixos da família parecerem estar a endireitar-se nas varas. No entretanto encontrei-me a divagar sobre a possibilidade de, de facto, esse mal porventura chegar. Não seria ao pai nem à irmã, visto que com esse mal, e por mal o cérebro humano pensa sempre em algo terminal, da extensão que conhecemos, como a morte, se eliminaria um bem, o que retiraria toda a necessidade de existir na realidade esse mal. Sobra a mãe, ou eu, ou um parente mais distante ou mais velho para completar o cliché. Novamente, como o cérebro humano apela bastante ao ego e à colocação central da nossa personagem como principal na vida de quem nos olha e nos cruza, e também por, coitada, a mãe já sofrer bastante com as enxaquecas e a osteoporose e a lactose diariamente, imaginei que o mal, corrigindo o exagero repentino e abundante das, apesar de apenas duas, boas novas, cairia sobre mim e consequentemente sobre o comboio em que viajo. Olhei então os passageiros como um assassino passivo e culpado da morte deles, pensei no que pensariam e no que estariam a pensar se soubessem que dentro de momentos não o poderiam fazer mais: as duas estudantes de chinês ou japonês que estudavam as sílabas estrangeiras, o rapaz dos piercings sentado há minha frente a jogar no telemóvel, o fotógrafo com o tripé na mão de pé perto da porta. O que pensaria eu se soubesse que o deixaria de fazer? Se calhar o que estou a fazer agora, se calhar não, se calhar não me acreditei o suficiente que algum mal cairia sobre o comboio devido à culpa de na minha família duas boas novas terem tido a feliz ideia de surgirem coordenadas e simultâneas. Não é deus, será um cosmo de karma aquilo em que me baseio para imaginar o descarrilamento, naquilo em que se baseiam as superstições? Estaria de certo aborrecido, ou talvez o comboio não descarrilou apenas por a taxa de pessoas com mais males do que bens fosse mais elevada do que aquelas como eu, como se os meus bens fossem muitos, ou os da minha família, e já agora dos meus amigos, visto que o mal deles é também meu, seja por empatia ou simpatia, o que nos colocaria numa espécie de rede kármica de decisões que afetariam todos os nossos passos e todas as pedras no sapato que apanharíamos e quem nos quisesse mal e bem, e todo o nosso futuro predefinido por uma balança que não se iguala, por um constante oscilar dos pesos que definiriam todo o bem e mal do mundo, do universo. Ou talvez já não fosse preciso descarrilar pois uma das boas novas na verdade não precisava de ser compensada, esta que se auto-anulou passados dois dias com um e-mail; é uma pena de facto as cartas se extinguirem, mas dessas não falo, eu próprio alterei a receção das contas para o formato digital, pelo menos poupa-se no papel, poupa-se na magia. Cheguei à terra, uma carruagem diferente depois, com a chuva a bater contra a estação de vidro discrepante com a silhueta da cidade. Só em casa me lembrei de que não havia caído ainda nenhum mal, nenhum que eu tivesse notado, não sabia eu do futuro, dele não sabe ninguém.
Enquanto não imaginei o sangue dos membros decapitados no embate catastrófico que voariam pela carruagem se tal mal chegasse, conspirando possibilidades de fuga e atos heróicos, deixo-me por feliz. Afinal não cheguei a ficar aborrecido a esse ponto.
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