é difícil acreditar que depois de amanhã já é véspera de natal. os sinos ainda não soam no ar, as prendas ainda não pedem para ser desembrulhadas, a família não está pronta para ser reunída. é o espírito que ainda não acordou. anda ocupado a equilibrar as mentes daqueles chamados doidos, aqueles que precisam de um anjo de neve para se manterem assim, silenciados, calmos. 

as nuvens cobrem o céu frio, sol despedido nos tons rosa, azuis, amarelos. não há sombras no chão, o rio está parado, o mar adormecido. nem a chuva parece querer chegar e anunciar às luzes que pela chaminé virá o gordo para os mais pequenos, ou melhor, pela porta.

os efeitos pendurados estão já cansados, como se já tivesse acabado, como se pedissem pela derrota, como se quisessem desistir do emprego, porque lhes custa, custa-lhes agarrar a mentira, a espera, o comodismo.

parece-me bem.