hoje não falarei mal, hoje não te culparei de nada, hoje não me revoltarei. fechei a raiva bem lá dentro, deixei apenas as boas recordações sair, ou melhor, elas enganaram a revolta e fugiram por entre as suas pernas.
lembro-me das nossas coincidências, das idas à praia e os passeios pelas ruas abandonadas. lembro-me da piscina, dos mergulhos, das cócegas, dos beijinhos à esquimó debaixo de água, da troca de roupa na praia, quando o feriado mal anunciado assim ditou que a piscina estivesse fechada, obrigando-nos a refugiar na praia vazia. toalhas de banho estendidas, músicas cantadas. cenas repetidas, risos inexplicáveis. filmagens, entrevistas, fotografias, camisolas que me roubavas, palavras que me deixavas. lembro-me do teu abraço, lembro-me da importância que tinha, da importância que sentia. (posso dizer que tenho saudades? num sentido em que não incite a revolta? acho que sim. tenho saudades) lembro-me de poder contar tudo, lembro-me de saber sobre quase tudo. lembro-me de ti. lembro-me de nós.